segunda-feira, 13 de julho de 2009

Botequim 3

Hora de dormir.
Estou escrevendo pelo simples fato de não ter o que escrever. Faz tanto tempo que não digo nada sendo que a tanto a dizer, tanto que eu queria gritar por ai nesse silencio insuportável. Nesse adeus mudo. Nem um pouco sentimental. Então me lembro do romance da Lygia Fagundes Telles em As Meninas, onde uma personagem fica a história inteira esperando uma ligação que não acontece. Mas eu não espero uma ligação. Espero sim, um e-mail, um scrap, um torpedo, um sei lá mais o que são tantas as tecnologias hoje, das quais você confere uma a uma de segundo a segundo pra descobrir sempre a verdade inevitável daquela voz na caixa postal do telefone. “Não há novas mensagens”.
E penso na idade de bruxa. A idade que toda a adolescente tem. Aquela de comprar revistinhas de horóscopo, que dizia a cor que você deveria usar a cada dia do mês e vinha milhões de simpatias. E vem aquela vontade de ser advinha, ler pensamento, ai já seria algo mais vampiresco?
Minhas unhas estão tão grandes que dói digitar, mas estou com dó de cortar, estou esperando a quebradura inevitável, ou esperando arrancar o olho de alguém. Na verdade estou esperando marcar algum cara como toda a mulher gosta, já no meu caso seria até sair um pouquinho de sangue, quem sabe até umas vísceras? Muito violento né. Falta de açúcar? Não, pior que não to co vontade de doce. Mas um beijinho...
TPM? Não passou já, ai quem dera ao menos saberia o que é.
A hora esta correndo e eu estou no mesmo lugar e sem sono. Sono que não chega logo ouvindo Vanessa. Essa boneca tem manual...
E onde foi que eu guardei o meu? Porque acho que tenho que entregar aos outros interessados, porque eles são mais complicados que eu. Que estranho.
E Ele Não Esta Tão A Fim de Você. Assisti e adorei! Adoro mais os sinais. Mulher realmente tem mania de sinal. Sinal aqui, ali, acula. Sinal em todo lugar. Sem piada, é sério. Sinais é tudo, sexto sentido nem me fale, pena que o meu sempre chega atrasado, quando vi já fui e já deu, ai lascou.
Ai que impaciência insuportável, nem eu estou me suportando. Se minha mente pudesse me pagava pelos cabelos e me sacudia como boneca de pano, me tava uns belos tabefes e diria “se controla, se controla”. Mas não pode. Mas em compensação grita que é uma beleza. Mas o corpo inerte, quer lá é saber de se acomodar num cantinho quente e nada mais. Revolto. Raivoso. Cansado. E esse sacode que não para nunca.
A consciência decidiu discutir com o coração e a luta ta boa. Não da pra saber quem vai levar a melhor, a consciência sempre tão paciente gritando feito fera enjaulada. Ai coração que bate e finge que não se importa sendo massacrado sem sentir, pela consciência sem piedade. Ai e eu queria apenas que parassem de gritar e me deixassem naquele estado letárgico. Por mim que se matem, não to mais ai pra ninguém. Ai que mentira, só não ligo pra amiga porque esta tarde. Ligo. Ligo. Ligo sim, se pudesse ligava todo dia pra todo mundo só pelo prazer de torrar a paciência deles. Dar uma de criança mimada. “Mãe eu quero aqueleeeee. ”
E quero agora. Mas então começa aquela melodia suave, a discussão cessa. As duas dão as mãos inconformadas, agora se revoltando contra mim. Mas que injustiça! Era só o que me faltava.
Amasso o pequeno anjinho junto com o diabinho e jogo eles no lixo, não quero mais suas opiniões bisbilhoteiras. Já chega. Vou fechar os olhos e viver um dia de cada vez.
Quando crescemos e começamos a perceber que a cada ano parece que tudo fica mais complicado. Acho que é porque penso demais e faço de menos. Tenho medo demais, de sobre, pra dar e vender e ainda terei estoque para 100 vidas.
E eu olhava pra minha mãe e repetia milhões de vezes que não queria crescer. Nem sabia da existência de Peter Pan, seus meninos perdidos e sua Terra do Nunca, mas não queria crescer de jeito nenhum. Mas cresci. E é tão bonito. Só que complicamos demais, quando envolve outra pessoa então, vixe...
To numa confusão só.
Não vejo a hora de começar o calor de novo, me sinto mais viva com o sol aquecendo a pele, aquela tarde abafada. Vou esconder todos esses casacos gigantes que me fazem parecer bolinhos de confeitaria.
Dançar na chuva e limpar toda essa confusão e ser apenas eu e ela, caindo pela pele, beijando cada poro.