sábado, 30 de maio de 2009

Botequim 2

Criaturas

"...Popey foi a feira comprar uma cadeira pra Olivia se sentar
A Olivia se sentou, a cadeira esborrachou
A coitada da Olivia foi parar no corredor..."


Esse trecho veio a minha mente hoje como se alguém houvesse aberto a minha caixa de Pandora. Faz tanto tempo desde essa época. Anos felizes da infância, recheados de desenhos que ficaram pra sempre no meu coração, e cantigas como ciranda-cirandinha. Eram tantos quais nós gostávamos.
Na minha época há treze anos, estava sempre correndo, andando de bicicleta no quintal, montando cabanas e casinhas debaixo da mesa da cozinha com as almofadas do sofá da sala, usava potes de margarina como panelinhas e massacrava matinhos do jardim de minha mãe para usar como comida. Meu brinquedo favorito era um boneco de uns 70 ou 80 cm, de plástico, desses que vendiam na feira perto de casa. O encaixe de uma das pernas havia quebrado e eu o amava mesmo com uma perna só. O chamava de Bruni. Não me pergunte o porquê do nome, e não precisa se preocupar que não darei esse nome ao meu filho se um dia tiver um.
Acordava cedo só pra assistir a Vovó Mafalda, adorava a Busca do Vale Encantado e os Contos de Fadas na Cultura, quando surgiu a TV Colosso, eu queria um cachorro igual a Priscila. Eu morria de medo de cachorros, e morria de medo do Fofão.
Minha mãe sempre cantava cantigas pra mim, e eu dizia que não queria crescer nunca. Pra sempre pequena com cinco anos. Meu pai sempre me trazia um pacote de bolachas Tostines sabor morango, nunca vou esquecer esse gesto. Hoje sou eu quem compra bolachas pra ele, mas não Tostines, só como Trakinas.
Mas os anos passam, e tudo vai se transformando, na minha época os desenhos mais legais, ao menos que eu acho que eram os mais legais, eram Ursinhos Carinhosos, Tim – Tim, O Fantastico Mundo de Booby, A Corrida Maluca, Tom e Jerry, Pica – Pau, Pernalonga e sua turma, Animaniacs, Lilica e Perninha, A Caverna do Dragão, Piratas das Águas Sombrias e muitos outros. Não havia nada de Meninas Super Poderosas e derivados que muitas vezes passam uma lição distorcida da vida na minha opinião.
Na minha época, brincávamos na rua a tarde inteira, bebíamos água de mangueira e todos na rua se conheciam. Merda, era um palavrão digno de ter a boca lavada com sabão. Nós nunca elevávamos a voz para nossos pais e escondíamos o boletim até o ultimo minuto inventando desculpas absurdas sobre seu paradeiro.
Hoje em dia, as crianças xingam seus pais e quem mais estiver na frente, trocam o futebol com vizinhos na rua, pelo vídeo game onde você treina suas habilidades de mira atirando em “inimigos”. As mães não criam mais seus filhos, tem de trabalhar pra ajudar nas despesas da casa. A comida chega com uma ligação, e o arroz e feijão foi substituído pelo pão com mortadela e coca-cola. Aos cinco anos a criança tem de aprender a dividir seu tempo, entre a escola integral, lição de casa, aula de línguas e um esporte ou atividade imposta pelos pais, a fim de deixá-los aptos e com um currículo mais elaborado para o futuro. Até onde isto é bom? Até onde o responsável por esse projeto de ser humano sabe separar a criança de um adulto mirim?
Os consultórios psiquiátricos de hoje cada vez mais atendem a um publico mais jovem. Crianças, obesas, depressivas, psicóticas e outras, são resultado de uma “boa ação” mal dosada. Na corrida do “meu filho é o melhor e eu farei pra ele sempre o melhor”, sai de controle quando “adultos” perdem a capacidade de assimilar que uma criança, tem de ser uma criança, para não se tornar um adulto problemático ou reprimido no futuro. E o termo de responsabilidade deve ser dado aos poucos, aumentando o peso conforme o desenvolvimento e capacidade daquele pequeno individuo, sem sobrecarregá-lo a ponto de gerar ressentimentos profundos de culpa com uma falha qual ele realmente não poderia corrigir. Ou sem torná-lo um individuo incapaz e inconseqüente.
As crianças de hoje, com a idade que eu tinha há 13 anos, tem responsabilidades de mais ou de menos, não tem senso sobre a realidade em volta ou até mesmo noção dos perigos do mundo lá fora, ou tem responsabilidades além de suas capacidades. Essas crianças querem ser sensuais e algumas aprendem cedo demais o caminho do sexo, gravidez, doenças e drogas. Respeitam cada vez menos a si mesmas e aos outros ou respeitam de mais e são incapazes de questionar qualquer ordem suicida que lhes dêem.
Cada vez mais, as crianças de hoje impulsionadas pela avalanche de besteirol que lhe são atiradas por toda a parte, se desenvolvem como falsos adultos, tornando-se pessoas de difícil convivência. Como um boneco de madeira, não importa o trejeito ou a face, por dentro estará sempre oco.
Não sei barrar esse aceleramento na criação desse tipo de pessoa, sei que superam as crianças, poucas crianças que conseguiram ter um bom desenvolvimento e que se tornaram boas pessoas. E eu estou dizendo boas pessoas, não grandes pessoas. Ser uma grande pessoa é fácil, ou por trapaças ou por conquistas, mas uma boa pessoa, uma boa pessoa de verdade, estas são muito raras.
Talvez se pensássemos um pouco mais antes de delegar algumas coisas a nossas crianças, se prestássemos uma verdadeira atenção nelas, quem sabe assim poderíamos ajudar esses seres humanos que sempre precisam de alguma orientação, a se tornarem adultos saudáveis e verdadeiros.

domingo, 3 de maio de 2009

Botequim

Vampiros a parte, vamos mudar um pouco de assunto. Acho que calha bem hoje uma seção boteco, ou botequim o que couber melhor a cada um. Não! Nada de pinga e etc... claro que se alguém quiser encher a cara nada contra. Hoje é falar por falar sem compromisso. Domingo, fim de tarde, aquela depre pelo fim de semana estar acabando...
Eu estava conversando com uma amiga esses dias atrás sobre o meu inconformismo a respeito de relacionamentos que eu vejo ao meu redor, de pessoas próximas, algumas queridas e outras nem tanto, e também pelo o que eu passo e outras amigas também.
Conheço uma porção de meninas legais que nunca encontram o cara certo. Não to dizendo certo pra casar, eu digo certo na maneira como ele age, do respeito, da amizade, e porque não da lealdade. Felizmente, tanto pra elas como pra mim é difícil encontrar um homem de verdade, um que queira namorar e curtir com você, sem aquele senso de obrigação ao qual denominaram o namoro.
Quando se fala em namoro pra uma pessoa do sexo masculino geralmente eles se arrepiam e arregalam os olhos como se alguém estivesse dizendo que atrás dele a um leão faminto prestes a devorá-lo. Que me perdoem os meninos. Mas fala sério né! De onde tiraram essa merda de absurdo? Pra mim ao menos, namoro não significa o fim da sua vida, é o começo de uma vida com horários mais apertados só isso.
Não sei bem explicar, mas acho que a definição não é casamento, é você gostar de alguém, e querer fazer tudo com aquela pessoa. Repito, não quero dizer anular sua vida. Eu sou amiga de um casal, que claro, tem seus problemas, obvio todos os casais tem, mas o que eu acho legal, é que eles são bem diferentes um do outro e estão conseguindo equilibrar muito bem suas diferenças. Claro que ambos sentem algo forte um pelo outro, talvez isso ajude bastante. Cada um tem seus estilo, preferências e gostos, e os dois cedem um a outro em momentos diferentes, se ele quer viajar com os amigos e ela não pode, não há problemas. Ou quando ela quer ir há uma das nossas inúmeras idas a Led Slay que eu adoro, ele que não gosto muito de rock e nem gostaria do lugar com certeza, deixa ela ir comigo e outras amigas sem problemas. Acho que o que também ajuda é o fato de ela não sair com as amigas dela, mas sim sair com as amigas dos dois. O que também é muito legal, sua amiga (o) começa a namorar e em vez da outra pessoa ser vista como uma extensão do seu amigo (a) ela se coloca também como seu amigo (a), isso é demais. Ai que entre o respeito e a confiança. Todos se conhecem, um sabe que o outro mesmo longe, esta em boas mãos e boa companhia. Por que fazer aquele drama ou joguinho sentimental, de ” sem mim você não vai”, “você não me da atenção”, “você pode ir, mas não pode dançar pra não chamar a atenção pra você”. É já ouvi muito isso, mas graças, nenhum foi pra mim. Isso é ridículo e na minha opinião é um passo bem grande pra termino de relacionamentos, e pra começo de mentiras também. Não conseguir conquistar os amigos e a família do parceiro (a) também gera conflitos graves. Eu não entendo como alguém pode colocar a pessoa que gosta contra a parede e pedir pra ele decidir entre você ou a família, nossa não entendo mesmo, principalmente quando essa pessoa nem faz um esforço pra se dar bem com seus amigos.
Pois é, eu tive a oportunidade e a infelicidade de ver como um individuo pode acabar com uma pessoa legal, e atualmente acompanho um processo desses, mas por ai há milhares.
Complicado, você ver uma pessoa que você adora mudar por causa de um relacionamento, mas não é mudar para melhor, e sim para pior. A pessoa se afasta, geralmente só lembra dos amigos quando briga com o parceiro (a), deixa a família de lado e as vezes gera brigas e discuções por situações completamente idiotas.
E se conselho fosse bom, não seria de graça, nessas horas a pessoa nem nos ouve, acha normal viver em função do outro.
“Ministérios dos amigos adverte, um relacionamento pode sim acabar com a sua vida”.

Já disse e repito pela milésima vez. A vida pode até mudar quando se namora, casa ou etc... Mas se anular jamais, deixar de ser você mesmo, nunca! Claro gente, que você começar um relacionamento e querer continuar na mesma rotina de solteiro é complicado não é?
Pra tudo precisa-se de um equilíbrio.
E quando um relacionamento assim não da certo? E o depois?
Voltamos lá em cima, quando mencionei amigas legais. Bem, ai depois de um relacionamento com um “bicho preguiça” (aquele que agarra um galho e não solta mais), a pessoa se traumatiza, ai acha que todos são iguais e se torna algo igual ou pior do que um dia enfrentou e submete um outro “desavisado” (apaixonado), ao mesmo tratamento que um dia recebeu. Quando se é a primeira vez, tudo pode piorar, acho que no caso dos homens ainda é pior. Mulher, sem querer puxar o saco, pode chorar, se matar de comer, mas se recupera, quanto aos homens eu ainda não encontrei um que realmente tenha dado a volta por cima, na verdade os que caíram numa armadilha de uma (um) menina (o) monstro, como amigos meus e eu apelidamos essas pessoas, ainda não se recuperaram, alguns até tentam, mas é tão difícil.
E quando você, uma pessoa legal, se apaixona por alguém que recém saiu de um relacionamento com uma pessoa monstro? O outro esta perdido, não sabe o que quer, não sabe se quer ficar com você ou se finalmente quer viver, e as vezes te machuca sem querer, ou por querer. Acabamos criando uma imensa bola de neve. Mas se o que dizem sobre brasileiro for verdade, não iremos desistir nunca, de encontrar alguém legal.